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A desassociação dos tempos bíblicos é igual à desassociação praticada pelas Testemunhas de Jeová?

A Organização das Testemunhas de Jeová, faz crer que a sua postura com respeito a um pecador na congregação, é similar à posição que os primeiros cristãos tinham. Fazem crer por isso, que se baseiam nas Escrituras Sagradas para executar a "justiça divina" quando expulsam alguém da congregação e a tratam como estando morta. Afirmam que a forma como a pessoa é tratada pelos membros da congregação, é similar à forma como os primeiros cristãos tratavam aqueles que eram expulsos no primeiro século. Dizem que esta forma de expulsão e consequente ostracização do ex-membro, cumpre 2 principais objetivos: 1º Protecção da congregação de elementos corrompedores à fé e saúde espirituais; 2º É uma demonstração de amor ao membro expulso, de forma a que ele caia em si e se arrependa, voltando ao convívio dos membros, aquando da sua readmissão. Visto que a Organização afirma que esta forma de tratamento tem base bíblica, é na Bíblia que temos que nos basear para chegarmos à conclusão, se esta visão e postura organizacional, corresponde ou não àquilo que era prática corrente no primitivo cristianismo. Existem por isso, alguns factores a considerar. Em primeiro lugar, a expulsão de um membro da congregação cristã era uma prática desde o primitivo cristianismo. Sem dúvida alguma, os pecadores impenitentes eram tirados da congregação e da suas práticas litúrgicas, exatamente porque estavam vivendo em pecado. Por isso, o apóstolo Paulo podia dizer as palavras registadas em 1 Coríntios 5:11: "Nem sequer comendo com tal homem". Estava Paulo a referir-se aqui a não sequer cumprimentar este homem ou mesmo comer uma refeição em privado com ele? O contexto mostra que não era isso que Paulo tinha em mente. Se notarem os versículos 6-8, Paulo faz alusão à refeição nocturna do Senhor mostrando que ela devia ser celebrada não com o velho fermento ou pessoas pecaminosas, mas sim com "pães não fermentados da verdade e da sinceridade". Percebe-se assim, que Paulo estava frontalmente contra, permitir-se que um irmão que estava vivendo em pecado (como era o caso extremo citado por Paulo) partilhasse dessa refeição sagrada e comesse dos símbolos do Cristo sem pecado — pão e vinho. Hoje em dia, a Organização, semelhante aos dias dos fariseus e líderes religiosos dos dias de Jesus, criou uma lista quase infindável de situações em que alguém pode ficar numa situação difiícil perante a congregação. Até mesmo supostos pecados não mencionados nas Escrituras Sagradas são usados para proibir uma Testemunha de Jeová de levar uma vida normal. Basta ver proibições não-bíblicas como a celebração de um aniversário, ou de aceitar ou doar sangue ou fracções de sangue proibidas pelo Corpo Governante. Existem cerca de 100 situações em potencial que pode levar uma TJ a ser expulsa da congregação ou pelo menos a ser repreendida. Agora pergunto eu: Quantas situações se encontram nas Escrituras Sagradas que poderiam levar um cristão a ser expulso da congregação? Analisem vocês mesmos. Nem mesmo diferenças de opinião a nível doutrinal, levavam um cristão a ser expulso da congregação. A imoralidade, a idolatria ou mesmo a apostasia (que no contexto do 1º século tratava-se de negar os ensinos de Cristo ou a repudiar Jesus como o Messias ou Filho de Deus) eram os casos extremos para alguém ser expulso. E lá voltamos nós à questão que se prende com a forma como era praticada a desassociação. Paulo e outros, jamais ensinaram que um cristão expulso da congregação deveria ser tratado como um "leproso" ou deveria sofrer morte social. Mesmo no caso extremo, mencionado na 1ª carta aos Coríntios, Paulo não afirmou que o corte de relações seria total (como praticado hoje pelas TJ). É interessante que Paulo usou uma expressão para orientar os cristãos da congregação de Corinto. Veja na TNM com referências, no cap. 5:11, o asterisco na frase "cesseis de ter convivência com*". A nota de rodapé diz: "Lit.: "não vos mistureis com". As questões que se levantam são: – O que esta expressão significa? – Será que a interpretação extremista da Organização está correta ao usar esta expressão e aplicá-la da forma como o faz - ostracizando os ex-membros que decidiram sair por livre vontade, os que foram expulsos por discordar de algum ensino que consideraram ensino de homens ou mesmo aqueles que cometeram algum tipo de pecado? O próprio Paulo dá a resposta à forma como se deveria tratar a tais pessoas expulsas da congregação cristã no primeiro século. E veja como é tão diferente do que é feito hoje em dia. Se notar, na palavra "convivência" tem lá uma chamada. Entre os vários textos da coluna central, tem o texto de 2 Tessalonicenses 3:6. O texto diz: "Que vos retireis de todo o irmão que andar desordeiramente e não segundo a tradição que recebeste de nós". É interessante, que a Organização escolheu esta passagem para associar ao texto anterior de 1 Coríntios 5:11. De fato, Paulo aqui também admoestava que os cristãos deviam evitar conviver intimamente com aqueles que não estavam demonstrando qualidades cristãs. Mas o mais curioso, é que logo à frente no vers. 14 diz o seguinte: "Mas, se alguém não for obediente à nossa palavra por intermédio desta carta, tomai nota de tal, parai de associar-vos com ele, para que fique envergonhado. Contudo, não o considereis como inimigo, mas continuai a admoestá-lo como irmão." Na TNM com referências, se notar a nota na expressão "parai de associar-vos com# ele", verá que a nota diz: "Lit.: "não vos mistureis com". Ou seja, no grego esta expressão traduzida aqui por "parai de associar-vos com ele" é a mesma usada em 1 Coríntios 5:11. Mas conforme, o contexto mostra, Paulo demonstra aqui em Tessalonicenses que esta expressão não significava a "morte social" do indivíduo. Não significava um corte radical de relações pessoais de seus anteriores irmãos, amigos e parentes na fé. Paulo, afirma que estes não o deveriam considerar "um inimigo, mas continuá-lo a admoestá-lo como irmão." Uma visão bem diferente do que a Organização dá aos seus membros hoje em dia, não é? Para a Organização, até mesmo os laços de sangue devem ser cortados ao máximo possível de forma a pressionar um ex-membro a voltar a Jeová (leia-se Organização). Esta forma de bullying social, apenas traz dor emocional a todos os envolvidos e não ajuda ninguém a desenvolver amor a Deus. Muitas vezes, as pessoas sentem apenas uma profunda revolta contra estas situação e muitas acabam por até mesmo perder o amor a Deus. Algumas regressam, mas será que é por genuíno arrependimento do pecado ou porque desejam apenas ter de volta, aquilo que lhes pertence por direito - o relacionamento familiar com seus pais, irmãos, etc.? Só Deus o poderá avaliar. No entanto, uma coisa é certa: a prática de ostracizar os ex-membros é anti-bíblica e demonstra uma profunda falta de sensibilidade para com o amor e afeição natural entre os seres humanos. Paulo, ao escrever a Timóteo avisou que nos últimos dias, "os homens… teriam falta de afeição natural". Entre as Testemunhas de Jeová a prática de ostracizar seus membros e principalmente ex-membros parentes, revela esta falta de afeição natural, independentemente se ela é motivada por um zelo em cumprir uma suposta lei de Deus. Paulo também mostrou que os judeus dos seus dias, "tinham zelo de Deus, mas não segundo o conhecimento exato". Jesus Cristo, o maior exemplo a seguir, veio revelar que tipo de Deus é Jeová e a forma de ele lidar com os pecadores. Na sua célebre ilustração, ele conta a história de um filho que, abandonando o seu lar, segue uma vida devassa, esbanjando a sua parte na herança. Após gastar tudo o que tinha, e passar por sérias dificuldades, ele regressa ao lar, humilhado e nem mesmo se considerando digno de ser chamado de "filho". O relato comovente contado por Cristo, demonstra a atitude amorosa e compassiva do Pai, que ao vê-lo ao longe corre para o filho, abraçando-o, emocionado. Esse é o exemplo a seguir. Receber de braços abertos um pecador que se arrepende. Para uma TJ receber o perdão da congregação, tem de se humilhar, vez após vez, indo às reuniões, em silêncio. Não pode cumprimentar ninguém. Deve entrar depois da reunião começar e sair logo após o término. Esta situação leva por vezes muitos meses, às vezes um ano ou mais. Foi esse o exemplo de nosso Deus e de seu Filho? Não! Jesus, através da sua morte já perdoou os nossos pecados. O seu sangue lavou o pecado que fizemos ou que possamos vir a cometer, desde que nos arrependamos genuinamente. É interessante, que o homem sobre quem o apóstolo Paulo escreveu, na 1ª carta aos Coríntios e que estava tendo uma relação possivelmente incestuosa com sua mãe ou pelo menos com sua madrasta, recebeu do apóstolo as seguintes palavras na 2ª carta aos Coríntios 2:6: "Esta censura da parte da maioria é suficiente para tal homem, de modo que agora, ao contrário, deveis perdoar-lhe bondosamente e deveis consolá-lo, para que tal homem não seja de algum modo tragado pela sua excessiva tristeza. Exorto-vos, portanto, a que confirmeis o vosso amor por ele." Nestas palavras, várias coisas se podem perceber. Em primeiro lugar, as duas cartas aos Coríntios foram escritas no ano 55 EC, o que indica que foram precisos poucos meses para aquele homem voltar a ser reconhecido como pertencente à congregação. E não esqueçamos que Paulo havia mencionado na 1ª carta que o pecado deste homem, era tal que mesmo entre as nações, esse pecado era repudiado. (1 Coríntios 5:1) Aqui se via a atitude perdoadora da congregação cristã. Não esqueçamos também que Paulo não tratou deste caso por meio de uma suposta comissão de anciãos realizada em secreto. Ele escreveu à congregação como um todo e suas admoestações e advertências eram escutadas por todos, através da leitura pública de suas cartas. Outro aspeto interessante, foi aquilo que ele mencionou quando disse "esta censura da parte da maioria é suficiente para tal homem". Notaram, como ele mostra que nem todos rejeitaram tal homem ou pelo menos, nem todos cortaram relações com ele? Será que Paulo censurou a tais ou os ameaçou de expulsão porque não tinham seguido suas orientações? Longe disso! Ele nem mesmo demonstrou qualquer rancor com tais pessoas. É essa a atitude, hoje em dia, por parte da Organização? Não é pois não?! Outro texto usado como base para o tratamento às ex-Testemunhas de Jeová é 2 João 10-11. O texto diz o seguinte: "Se alguém se chegar a vós e não trouxer este ensino, nunca o recebais nos vossos lares, nem o cumprimenteis. Pois, quem o cumprimenta é partícipe das suas obras iníquas." O texto é bem claro e nós devemos aceitá-lo. Não se deve receber em casa e nem cumprimentar os que não trouxerem "este ensino". Que ensino é este? O versículo 9, anterior, esclarece: "Todo aquele que se adianta e não permanece no ensino do Cristo não tem Deus. Quem permanece neste ensino é quem tem tanto o Pai como o Filho". O versículo 7 é ainda mais específico, dizendo: "Pois muitos enganadores saíram pelo mundo afora, pessoas que não confessam Jesus Cristo vindo na carne. Este é o enganador e o anticristo". Este é o anticristo, uma categoria de pessoas, pessoas que não aceitam Jesus como o Messias, como tendo vindo na carne. Isto é que é, definido pela própria Bíblia, o "ensino do Cristo". Aquele que "não trouxer este ensino" está na categoria de anticristo. Este é que não deve ser recebido nos lares dos cristãos e nem ser cumprimentado por eles. Portanto, nem mesmo este texto poderia ser usado como base para ostracizar uma ex-TJ que ainda mantém sua fé em Jesus, Jeová e na Bíblia, mas que por alguma razão pecou ou simplesmente deixou de acreditar nas INTERPRETAÇÕES particulares da liderança das Testemunhas de Jeová (Corpo Governante). A Organização hoje em dia impõe o corte de relações, colocando até mesmo em causa a relação das pessoas com o próprio Deus. Faz isso, por demonstrar que o corte de relações com amigos, parentes e ex-irmãos, é uma questão de lealdade para com Deus. Quer assim inculcar na mente dos membros que quem não o fizer, será desleal para com Deus e fica subentendido que a sua vida futura poderá ficar em causa. E vai mesmo além disso! Aqueles que não cortam relações com ex-membros, eles próprios ficam debaixo de ameaça de expulsão. Semelhante aos líderes religiosos dos dias de Jesus, a Organização hoje em dia, impõe leis e normas que vai além dos mandamentos e príncipios divinos. Afastaram-se da simplicidade das Escrituras Sagradas. Fazem o mesmo que os fariseus e outros, ao colocarem a sua interpretação sobre os mandamentos de Deus como lei. Semelhante ao que os líderes religiosos fizeram com o Sábado nos dias de Jesus. Iam para além da Lei, dando novas interpretações e acrescentando inúmeras regras além daquilo que Deus havia estipulado. Espero que esta breve análise apresentada faça rever a posição daqueles que aceitam cegamente os dogmas e doutrinas da liderança das TJ, e a forma como vêem este processo de ostracização de ex-membros por parte da Organização.

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